quinta-feira, 31 de março de 2016

O auto da Barca do Inferno x O auto da Compadecida

Publicado em 1517 por Gil Vicente, o Auto da Barca do Inferno foi definido por Gil Vicente como o Auto da moralidade, com tema religioso focado na analise critica da sociedade da época com intenção moralizante.  O Auto da barca do inferno tem por cenário duas barcas para onde vão as almas daqueles que morrem, sendo a barca do Paraíso comandada pelo Anjo e a do Inferno, comandada pelo Diabo e seu companheiro o enredo passa-se em torno do julgamento dos personagens pelo o que fizeram em vida, o Diabo acusa e o Anjo absorve, encaminhando os personagens para uma das duas embarcações, os personagens representam a nobreza, o clero e o povo. Apenas o Parvo, devido a sua modéstia e humildade e Os Quatro Cavaleiros devido a sua glorificação do ideal das cruzadas e do espírito do Cristianismo puro são merecedores de entrar na barca. ,
Em 1955, séculos depois Ariano Suassuna escreve o Auto da Compadecida, uma peça teatral também escrita em forma de auto, apresentando regionalismo já que toda sua caracterização acontece no Nordeste Brasileiro, remetendo aos autos medievais escritos por Gil Vicente onde é possível fazer uma analogia com o “O Auto da Barca do Inferno”, já que a peça resgata elementos do teatro popular, contidos nos autos vicentinos e também da literatura de cordel.
A peça retrata o drama vivido pelo povo nordestino, perseguidos pela seca, atormentados pela fome e a miséria, oprimidos e subjugados por famílias de poderosos coronéis, apresentando um desfecho moralizante de acordo com a doutrina da católica, Suassuna nos apresenta João Grilo, personagem representativo do povo nordestino que se utiliza da esperteza para sua sobrevivência.
Assim como no Auto da Barca do Inferno em o auto da Compadecida, os personagens são levados a julgamento, dirigido por Deus acompanhando de Nossa Senhora Aparecida, advogada e intercessora dos pecadores, e o Diabo. O Julgamento acontece acerca das condições existenciais dos personagens, quanto Gil Vicente em sua obra, os julga devido aos seus valores morais. Nas duas peças julgam-se os vícios, as vaidades e glorifica-se a humildade.

No Auto da barca do inferno o Diabo é protagonista levando ao decorrer da peça todo o humor e ironia, quanto em o Auto da Compadecida Manuel e Maria, se humanizam com as falhas humanas porque considera os homens sujeitos de pecados, apresentado uma visão religiosa mais flexível. 

Aline Aureliano

6 comentários: