quinta-feira, 23 de maio de 2019

APS: RESENHA

Resenha Livro: Análise da conversação In:MUSSALIM, F. & BENTES, A. C. (orgs). Introdução à Linguística – Domínios e Fronteira.

Os estudos recentes na área da interação social apontam que a linguagem é um conjunto de ações individuais e sociais, coordenadas pelos agentes participantes da comunicação verbal, para que a comunicação ocorra com sucesso é necessário que leitor/escritor e falante/ouvinte atuem de forma individual porém coordenada facilitando a comunicação.
A análise da conversação consiste em estudar como a linguagem favorece a comunicação. A etnometodologia aponta que há 3 níveis de enfoque na estrutura conversacional.
Macronível: Estuda as fases da conversação, ou seja, o inicio, a parte do desenvolvimento e a finalização da conversação.
Nível médio: Aborda os turnos da conversação. Por exemplo, em uma situação conversacional os agentes intercalam o papel de falante/ouvinte de forma coordenada de modo a facilitar a compreensão e a fluência da comunicação.
Micronível: Analisa os elementos internos do ato de fala. Como as estruturas sintáticas, lexicais, fonológicas entre outras que são derivadas do contexto social dos agentes da conversação.
O estudo da conversação ocorre pois a conversação é inerente aos seres humanos, ou seja, são utilizadas em quase todas as situações, sejam elas formais ou informais, que ocorrem por um sentido profissional, educacional ou apenas para entretenimento.
A extensão, duração e tipificação conversação é estruturada a partir da vontade dos agentes inseridos na conversa, sendo assim, não há estruturas pré- fixadas de como elas devem ocorrer, variando dentro dos diversos contextos na qual está inserida.
O sistema de transcrição de dados orais, ressalta que o corpus da AC são gravações de conversar em situações comuns, e o sistema de transição deve ser fiel, e não pode se submeter a interpretações pessoais do pesquisador. Não existe um sistema ideal de transcrição, o analista faz a transcrição destacando o que é fundamental para a análise, contudo, a transcrição deve ser legível e sem símbolos complicados, o livro apresenta uma tabela que apresenta as normais gerais para uma transcrição.
A autora ressalta também, sobre como a linguagem não verbal é importante para o processamento da conversação, por exemplo: expressões faciais, entonações, um sorriso, um olhar, esses movimentos do corpo ajudam a construir o enunciado linguístico, para a autora todos os recursos não verbais empregados na língua ajudam nessa construção, sendo eles o toque entre os interlocutores, distâncias,, silêncios, postura, expressões faciais, entre outros, ao apresentar um exemplo de transcrição, ela mostra que não somente com a voz, mas também com o corpo.
Para uma conversa se organizar de forma armoniosa e para que os falantes possam se entender, a regra diz de que o ouviente deve esperar o sinal do falante para começar a falar, como por exemplo uma pausa ou hesitação, entretanto sabemos que na fala cotidiana em conversas informais não é assim que acontece, entretanto as pessoas são capazes de se entenderem. A autora discorre sobre os turnos conversacionais, há dois tipos: (1) distribuição do turno que é aquele que todo falante tem o direito a tomar a palavra; (2) unidade construcional é aquela que o individuo toma a palavta que se torna o falante .
É possível afirmar que muito do que se compreende numa interação social resulta da relação construída entre os interlocutores e da contextualização da própria da própria interação.
A realização de alguns gestos, de expressões faciais e de risos são marcas de informar ao falante sobre a compreensão do que está sendo dito.
A seguir serão discorridas algumas atividades estratégicas de compreensão na interação verbal.
Estratégia 1: Negociação
A negociação é aspecto central para a produção de sentido na interação verbal enquanto projeto em conjunto, mas nem tudo é negociável. Não negociamos crenças e convicções , o que tem consequências por vezes relevantes na continuidade de um tópico.
Estratégia 2: Construção de um foco comum
Numa interação face à face, a base do sucesso das trocas é a presença de interesses em comum e referentes partilhados, previamente existentes ou construídos no processo de interação.
Estratégia 3: Demonstração de (des)interesse e (não) partilhamento
Há entre os interlocutores interesses em comum e conhecimento partilhado. Nem sempre os interlocutores possuem os mesmos conhecimentos ou interesse sobre o tópico.
Estratégia 4: Existencia de diversidade de expectativas
Em situações interativas, os interlocutores sempre tem expectativas prévias, então o falante procura estratégias para fazer com que elas ocorram, bem como fica atento à reação do seu interlocutor. A interação é, pois, um jogo com regras dinamicamente escolhidas, por isso é um jogo perigoso: nem sempre se escolhe a regra certa.
Estratégia 5: Marcas de atenção
Durante a construção de uma conversação, são de importância fundamental os sinais enviados pelos interlocutores, pois dependendo dessa sinalização é possível avaliar se está havendo uma boa sincronia ou má sincronia entre os interlocutores. A boa sincronia revela maior atenção pelo tópico em andamento e a má sincronia revela problemas no processo interacional, que vão desde a não aceitação do tópico até a não compreensão do mesmo.
Ou seja, ao falarmos não utilizamos apenas de uma diversidade de linguagens, mas colocamos em conexão indivíduos, linguagens, cultura e sociedade, e que gestos, expressões faciais e tons de voz são, muitas vezes, mais informativos do que construções linguísticas, visto que a gramatica é um veículo pobre para exprimir os sutis padrões de emoção.

Conforme a BNCC:

O que seria comum em todas essas manifestações de linguagem é que elas sempre expressam algum conteúdo ou emoção – narram, descrevem, subvertem, (re)criam, argumentam, produzem sensações etc. –, veiculam uma apreciação valorativa, organizando diferentes elementos e/ou graus/intensidades desses diferentes elementos, dentre outras possibilidades. A questão que se coloca é como articular essas dimensões na leitura e produção de textos, no que uma organização do tipo aqui proposto poderá ajudar. Pg.82.

O funciomaneto da Lingua está atrelado a diversos fatores que não somente a gramatica normativa. A obra em questão trata de alguma dessas manifestações do uso da linguagem que sempre vem acompanhada de emoções humanas, e através destas emoções somos capazes de olhar para o texto/ fala e analisa-lo de maneira mais critica e reflexiva. Por tras do discurso há uma história, cultura, o meio social em que o individuo está inserido e é de suma importância que o aluno seja capaz de compreender essas variaveis.

Bibliografia
DIONÍSIO, Ângela Paiva. Análise da conversação. In:MUSSALIM, F. & BENTES, A. C. (orgs). Introdução à Linguística – Domínios e Fronteiras. 6ed. São Paulo: Cortez, Vol.2, 2005, p.69-99.

Base Nacional Comum Curricular. Disponível em: < http://basenacionalcomum.mec.gov.br/a-base>. Acesso em 10/04/2019


Aline, Bruna, Jessica, Lucas e Regiane.

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